Hortas urbanas espalhadas pelo mundo transformam cidades
Todmorden é uma pequena cidade da Inglaterra, na qual seus 17 mil habitantes podem se alimentar de graça.
Há cinco anos nasceu o projeto The Incredible Edible Todmorden (A incrivelmente comestível Todmorden), que consiste no cultivo de hortas coletivas em espaços públicos da cidade. Todo alimento cultivado nestes locais está disponível para qualquer morador consumir. E de graça.
São mais de 40 cantos comestíveis espalhados por Todmorden: desde banheiras nas ruas até o quintal da delegacia da cidade, passando por jardins de centros de saúde e do cemitério local. A ideia é incentivar que toda comunidade cultive seus próprios alimentos e pense melhor sobre os recursos que consome.
Demorou dois anos para que a ideia de colher uma fruta, verdura ou hortaliça plantada por outra pessoa fosse aceita pela população. Na primeira reunião eram apenas seis pessoas. Hoje, o conceito já é aceito por grande parte dos moradores de Todmorden e inclusive é trabalhado na escola local.
“Não fazemos isso porque estamos entediados, mas porque queremos dar início a uma revolução”, diz Pam Warhurst, cofundadora do projeto, durante sua palestra no TEDSalon, em Londres. “As pessoas querem ações positivas nas quais possam se engajar e, bem no fundo, sabem que chegou a hora de assumir responsabilidades e investir em mais gentileza com o outro e com o meio ambiente”.
Claro que transformar todo espaço público de uma cidade em hortas comunitárias não é tarefa fácil. Mas com empenho e mobilização de vizinhos é perfeitamente possível começar a cultivar em seu bairro! Para se inspirar, leia a seguir reportagens sobre iniciativas de hortas comunitárias que estão dando certo em todo o mundo, inclusive aqui no Brasil.
Um estudo publicado em 2011 mostraram que é possível, com algumas mudanças na dieta, para cobrir 38% das necessidades alimentares usando superfícies dentro da cidade, incluindo 60% telhados e 35% dos parques públicos.
AÇÕES SIMILARES EM OUTROS LUGARES PELO MUNDO:
Situada em meio a três conjuntos habitacionais do governo, a escola pública 55 é um retrato do sul do Bronx, distrito mais pobre da cidade de Nova York, que há várias décadas é sinônimo de violência, pobreza e desemprego.
Entre os alunos, 97% são provenientes de famílias que vivem abaixo da linha da pobreza, a incidência de doenças é alta e as oportunidades são poucas. "Temos crianças de quatro anos de idade já sofrendo de diabetes", diz o diretor da escola, Luis Torres.
Os legumes e verduras orgânicos plantados por alunos de todas as idades representam não apenas uma alternativa de alimentação saudável em uma região onde há proliferação de cadeias de fast-food mas apenas um supermercado com alimentos frescos.
"Os alunos cultivam os alimentos e vendem. Com as hortas, os pais e avós começam a vir até a escola. Falamos de lição de casa, de comportamento, aconselhamento. A comida se torna um denominador comum para outras questões", disse à BBC Brasil o professor Stephen Ritz, idealizador da Green Bronx Machine, organização sem fins lucrativos responsável pela horta na escola pública 55 e em mais de 30 outros locais no Bronx.
"Além disso, estamos aumentando a renda das famílias em 15% ou 20%. As famílias no sul do Bronx têm em média seis membros e renda anual de 15 mil dólares (abaixo da linha de pobreza nos EUA)", diz Ritz.
Ritz diz que o objetivo da Green Bronx Machine é mudar essa realidade transformando qualquer espaço abandonado ou subutilizado em hortas e jardins, ensinando aos jovens técnicas de agricultura urbana que possam se transformar em uma profissão e melhorando a saúde das comunidades.
Em algumas das hortas comunitárias do bairro, cultivadas por moradores voluntários, as frutas e verduras são distribuídas para a população carente.
Segundo o professor, o interesse pelo projeto é tanto que a frequência nas aulas saltou de 40% para 93%.
Um exemplo da empolgação gerada pelas hortas é a John V. Lindsay Wildcat Academy, escola destinada a dar uma segunda chance para adolescentes que fracassaram em todas as outras. Os 475 alunos têm em comum uma trajetória de expulsões, abandono das aulas e até prisões antes de ingressar na escola.
Juara, Juína, Novo Horizonte do Norte, Porto dos Gaúchos, Tanhangá, Tabaporã, Brasnorte, Castanheira, Aripuanã, Cotriguaçu, Juruena e Colniza possuem 'potencial' para promover ações similares prol à comunidade.