Histórias de empreendedorismo real e algumas lições de vida
Por definição, empreendedorismo é o processo de iniciar novos negócios ou novos produtos, através de inovações e mudanças, trata-se, portanto, de algo que também envolve risco.
Para tentar combater a falsa impressão de que o empreendedor é alguém que “largou tudo” para viver seu sonho simplesmente, separamos cinco empresas e suas cinco histórias de superação, transformação, trabalho e aprendizado – a fim de mostrar com mais clareza como, não só na vida profissional como na vida pessoal, é preciso contornar e superar muitas coisas até que o empreendedor possa se aproximar do sucesso, e de como isso, no fim, é uma boa notícia. Principalmente: é algo real.
Henrique Möller e a Pousada Butiá
Muitas vezes para empreender é preciso ter coragem, e aceitar o que a vida oferece. Se a história do funcionário que larga tudo para abrir uma pousada longe da cidade grande pode parecer um sonho, na vida real ela é mais difícil do que parece. Mas foi o que o gaúcho Henrique Möller fez.
Depois de uma vida inteira de muito trabalho e idas e vindas no Design, entre São Paulo e Porto Alegre, Henrique herdou, com o falecimento da mãe, um terreno no interior do Rio Grande Sul.
Sua ideia original era seguir no design, e fazer do terreno um negócio lucrativo que permitisse que ele seguisse parte do tempo em São Paulo. Depois de investir tudo que tinha e mais um pouco – e de conhecer e se casar com Desireé, hoje mãe de suas duas filhas, Ana e Lia – em maio de 2013 ele finalmente inaugurou o Butiá, uma pousada, restaurante e espaço gastronômico para eventos.
O designer se transformou em um empreendedor do turismo e, por isso, precisou de dois anos até que o negócio passasse a lucrar. Para tal, Henrique precisou largar São Paulo e a segurança de seu trabalho anterior, e se dedicar ao novo negócio de corpo e alma – um paraíso que agora se tornou de fato sua casa, sua vida, sua renda.
Alvimar, Aline e o Jaubra
Ainda que o Uber e outros aplicativos de transporte sejam hoje realidade e sucesso, transformando diretamente a mobilidade na maioria das grandes cidades do mundo, tal mudança não chega necessariamente na prática para toda a população: quem vive nas chamadas quebradas vê sistematicamente seus bairros serem rejeitados pelos motoristas, por receio e medo da violência costumeiramente presente nos locais.
Tal problema se apresentou para Alvimar da Silva como uma oportunidade, e ele criou o Jaubra, o “Uber da periferia”, uma versão “de bairro” do serviço, atendendo na região da Brasilândia, zona norte de São Paulo.
No início, tudo era improvisado: a filha de Alvimar, Aline, anotava os pedidos enquanto o pai, que era motorista da Uber, realizava as corridas. A demanda só aumentava, e ele começou a ter que passar os pedidos para outros amigos taxistas. A essa altura sua outra filha e seu sobrinho também já trabalhavam pra Jaubra.
O diferencial passou a ser que os motoristas da sua empresa não tinham medo da região, já que eram de lá. Em uma semana de atividades ele já não mais dirigia pra Uber, e passou a se dedicar somente ao seu negócio.
Foi preciso investir para formalizar o negócio, feito com dinheiro da rescisão de um trabalho de Aline. Em dezembro do ano passado a empresa, agora já também um aplicativo (chamado Ubra), recebeu 13 mil pedidos. Hoje são 400 motoristas cadastrados e uma frota de cerca de 60 carros, com 20 trabalhando somente para Alvimar.
A central de atendimento telefônico permanece, para que o espírito inicial do negócio “de bairro” não se perca. Uma grande ideia, que se revela lucrativa, e que ainda impacta positivamente sobre uma região pobre da cidade é que de melhor o empreendedorismo pode ser.