Pacientes com leucemia têm altas chances de cura
No mês de conscientização para a leucemia, um alerta importante: o diagnóstico positivo para a doença não é uma sentença de morte. O hematologista e especialista em transplante de medula óssea Alexandre Caio faz questão de ressaltar que, apesar de o nome leucemia ainda ser assustador, a doença está longe de ser tão perigosa quanto já foi um dia.
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“Hoje em dia, mesmo as leucemias agudas, que são muito graves, têm chance de cura. As crônicas não têm cura, mas a medicina tem formas de controle muito eficazes. Então, dificilmente elas evoluem para um estágio fatal”, afirma.
Quando procurou ajuda médica após observar manchas e hematomas no corpo, a recepcionista Silmara Ferreira de Brito, de 28 anos, optou pelo otimismo. Na época, a moradora de Brasília (DF) fazia um curso de técnico de enfermagem e já tinha buscado informações sobre a doença.
O tratamento da leucemia mieloide aguda, no Hospital de Base de Brasília, teve início em maio de 2015. A doença já estava em fase avançada. “Quando eu descobri, já estava em estado hemorrágico, com uma contagem muito baixa de plaquetas. O tratamento inteiro foi feito apenas com medicação, não cheguei a fazer nenhum tipo de cirurgia”, conta.
Silmara ficou internada durante um mês e três dias, nos quais tomava medicação todos os dias. Nos dois meses seguintes, ela recebeu alta, mas a rotina se manteve. Na última etapa do tratamento, a recepcionista ia ao hospital a cada 15 dias e, em janeiro de 2017, recebeu o diagnóstico de remissão completa.
“Ainda faço acompanhamento, só serei liberada após cinco anos depois do diagnóstico da remissão”, explica. Em todo o tempo de tratamento, Silmara passou por muitas mudanças, como ganho de peso e queda de cabelo, mas o apoio da família ajudou a enfrentar a doença até o fim. “Tive todo o apoio da minha família, primordial naquele momento. O que tenho para falar às pessoas com leucemia é que vale muito a pena acreditar que a cura é possível.”
Tratamento gratuito
O Sistema Único de Saúde (SUS) possui a Rede de Atenção Oncológica para apoiar pacientes com diagnóstico de leucemia. Essa rede é formada por hospitais habilitados como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e Centro de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon).
São estabelecimentos que oferecem assistência geral, especializada e integral ao paciente com câncer, atuando no diagnóstico, estadiamento e tratamento. Cada um possui responsabilidade pela padronização, aquisição e fornecimento do medicamento para tratamento e são livres para adotar protocolos próprios.
Os principais tipos de leucemia
A leucemia é um câncer, isto é, uma proliferação de células no sangue. Trata-se de uma doença maligna dos glóbulos brancos. A principal característica é o acúmulo de células doentes na medula óssea (popularmente conhecida como tutano, é o local onde fabricam-se células sanguíneas), que substituem as células sanguíneas normais.
Existem dois grandes grupos de leucemia, de acordo com a velocidade de evolução da doença: aguda e crônica. Os dois tipos de leucemia (crônica e aguda) podem ser dois divididos em dois subgrupos, de acordo com as células que afetam: mieloide e linfoide. Conheça as características de cada uma:
Leucemia crônica
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no início da leucemia crônica as células leucêmicas ainda conseguem fazer algum trabalho dos glóbulos brancos. A doença e seus sintomas, então, agravam-se de forma lenta e gradual.
Mieloide
Afeta células mieloides e acomete principalmente adultos.
Tratamento: não é feito com quimioterapia. Essa leucemia decorre do surgimento de um gene específico capaz de aumentar a multiplicação celular por meio de uma proteína. O tratamento é feito com um medicamento oral, que inibe especificamente essa proteína anormal.
É um tratamento considerado “alvo específico” porque o medicamento inibe a multiplicação das células cancerosas, mas não das células normais do organismo. Alguns casos de resistência ou falha ao tratamento inicial podem necessitar de quimioterapia e transplante de medula óssea.
Linfoide
Afeta células linfoides. É o tipo mais comum em crianças pequenas, mas também ocorre em adultos.
Tratamento: é composto de três fases. São elas: indução de remissão; consolidação (tratamento intensivo com quimioterápicos não empregados anteriormente); e manutenção (tratamento mais brando e contínuo por vários meses). Durante todo o tratamento, pode ser necessária a internação do paciente por infecção decorrente da queda dos glóbulos brancos normais e por outras complicações do próprio tratamento.
Sintomas
Leucemias agudas
Os sintomas estão ligados à falência da medula óssea, "sinal de que o sangue deixou de ser produzido”, explica Alexandre Caio. Sangramentos, hemorragias espontâneas, hematomas, manchas de sangue são sinais de baixa contagem de plaquetas, esclarece o especialista. A produção de glóbulos brancos, leucócitos, também cai, então o paciente pode desenvolver infecções oportunistas. Com a queda dos glóbulos vermelhos, a pessoa entra em uma anemia profunda, muito intensa, com muito cansaço e fadiga. Pode ocorrer de o paciente só apresentar um desses sintomas, mas, de modo geral, é a presença dos três juntos que alertam o médico, que, em caso de suspeita, encaminha o paciente a um hematologista.
Leucemias crônicas
Sintomas geralmente são: aumento do baço, dor na região lateral esquerda do abdômen, aparecimento e aumento de gânglios (popularmente conhecidas como ínguas) sob as axilas e sob a mandíbula.
Fatores de risco
A exposição à radiação ionizante, assim como ao benzeno, é um fator de risco para desenvolvimento de leucemia. Além disso, que pessoas com Síndrome de Down têm predisposição maior de desenvolver a doença. “Apesar de ser uma doença genética relacionada à mutação, a leucemia não tem característica de transmissão hereditária e está, normalmente, relacionada à exposição a substâncias tóxicas”, explica Caio.
Alguns outros fatores de risco, segundo o Inca, são: tabagismo, quimioterapia, exposição ao formaldeído, produção de borracha, idade (com exceção da leucemia linfoide aguda, mais comum em crianças), exposição a agrotóxicos, solventes, diesel, poeiras e infecção por vírus de hepatite B e C.
Fonte: Governo do Brasil, com informações do Ministério da Saúde