Para aqueles que gostam de fazer as coisas com as próprias mãos, ou mesmo apenas aprender o processo construtivo, segue aqui um passo a passo do sistema BET.
1. Orientação em relação ao sol Como a evapotranspiração depende em grande parte da incidência do sol, a bacia deve ser orientada para a face norte (no hemisfério sul) e sem obstáculos como árvores altas próximas à bacia, tanto para não fazer sombra como para permitir a ventilação.
2. Dimensionamento Pela prática, observou-se que 2 metros cúbicos de bacia para cada morador é o suficiente para que o sistema funcione de forma eficiente e sem extravasamentos. A forma de dimensionamento da bacia é: largura de 2 metros e profundidade de 1 metro. O comprimento é igual ao número de moradores da casa, ou utilizadores habituais do sistema. Para uma casa com cinco moradores, a dimensão fica assim: (LxPxC) 2x1x5 = 10 m3.
3. Bacia Pode-se construir a bacia de diversas maneiras mas, visando a economia, a sustentabilidade e a segurança, a técnica mais indicada de construção é a do Ferrocimento. As paredes ficam mais leves e, principalmente, usam muito menos material. O ferrocimento é uma técnica de construção com grade de ferro e tela de “viveiro” coberta com argamassa. A argamassa da parede deve ser de duas (2) partes de areia (lavada média) por uma (1) parte cimento e argamassa do piso deve ser de duas (3) partes de areia (lavada) por uma (1) parte cimento. Pode-se usar uma camada de concreto sob (embaixo) o piso caso o solo não seja muito firme, funcionando como fundação.
4. Câmara anaeróbia
Depois da bacia devidamente montada e impermeabilizada, mantendo-a úmida por três dias, vem a construção da “câmara de digestão”, que é facilitada com o uso de pneus usados e do entulho da obra. A câmara é composta do duto de pneus e de tijolos inteiros (bem queimados) alinhados ou cacos de tijolos, telhas e pedras, colocados até a altura dos pneus. Isto cria um ambiente com espaço livre para a água e beneficia a proliferação de bactérias que quebrarão os sólidos em moléculas de micronutrientes.
5. Dutos de inspeção Neste ponto pode-se iniciar a fixação dos 3 dutos de 50mm de diâmetro, conforme indicado, para a inspeção e coletas de amostras de água.
6. Camadas de materiais Como a altura dos pneus é de cerca de 55cm, que juntamente com a colméia de tijolos de cada lado vão formar a primeira camada (mais baixa) de preenchimento da bacia (câmara), irão restar ainda 45 cm em média para completar a altura da BET e mais 4 camadas de materiais. A segunda camada é a de brita (+/- 10 cm) e a seguir convém utilizar algum tipo de manta permeável (ex: bidim) para evitar que a areia (+/- 10 cm) da camada superior (terceira) desça e feche os espaços da brita. Em seguida vem a camada de solo (+/- 25 cm) que vai até o limite superior da bacia. Procure usar um solo rico em matéria orgânica e mais arenoso do que argiloso. Por fim vem a última camada, que fica acima do nível da BET. Essa camada é composta de folhagem seca, também conhecida pelos praticantes da Permacultura como Mulch.
7. Proteção (MULCH) Como a bacia não tem tampa, para evitar o alagamento pela chuva, ela deve ser coberta com folhagem seca. Todas as folhas que caem das plantas e as aparas de gramas e podas, são colocadas sobre a bacia para formar um colchão por onde a água da chuva escorre para fora do sistema. E para evitar a entrada da água que escorre pelo solo, é colocada uma fiada de tijolos ou blocos de concreto, ao redor da bacia para que ela fique mais alta que o nível do terreno.
8. Plantio Por último, deve-se plantar espécies de folhas largas como mamoeiro, bananeiras, taiobas, caetés, etc. Ao passar do tempo, se aparecerem minhocas e outros organismos do solo, como cascudos e insetos, não se assuste, isto é sinal de que o seu sistema de tratamento está funcionando muito bem e o solo está ficando mais fértil! Estes organismos auxiliam na digestão do esgoto.