A apicultura, como qualquer atividade agrícola, é extremamente dependente do clima. As condições ideais são inversas daquelas exigidas pela produção de grãos. Quanto menos dias de chuva, melhor será a produção de mel. Em anos de precipitações elevadas, as abelhas ficam sem poder trabalhar, dentro da colmeia, consumindo o estoque de alimentos. Mais ativas durante o dia, elas preferem umidade durante a noite, o que garante a presença abundante de matéria-prima nas flores, mas não impede o expediente diurno.
A expansão de um modelo agrícola baseado na monocultura e na utilização de agrotóxicos causa uma série de dificuldades para a apicultura. As grandes lavouras de soja, arroz irrigado, girassol e canola em áreas desmatadas diminuíram a diversidade botânica original em diversos Estados.
“Quanto mais colorido o pólen for, mais nutritivo ele é. Quanto mais espécies botânicas participando do processo, mais bem alimentada a abelha fica, desenvolvendo seu sistema imunológico e elevando sua produtividade e longevidade”, ensina Aroni Sattler. E, não bastasse ter alimento em menores quantidade e qualidade, os animais ainda precisam conviver com a aplicação de agrotóxicos em larga escala. Entre 2002 e 2012, o uso de produtos químicos na agricultura brasileira mais que dobrou: de 2,7 para 6,9 quilogramas por hectare, aumento de 155%.
Vulnerável à efetividade dos inseticidas, a abelha morre, muitas vezes, ainda na lavoura. Contudo, doses subletais podem ser ainda mais perversas com o ciclo de vida desses animais. A pulverização área, proibida em boa parte da Europa e, ao contrário, muito presente na agricultura brasileira, não atinge apenas a área plantada, uma vez que o vento pode arrastar o químico por centenas de metros e, em alguns casos, até por quilômetros. Nesses casos, a vegetação do entorno e as curvas de nível, onde geralmente há circulação de água, são contaminadas.
A qualidade do mel brasileiro ultrapassa fronteiras desde 2003, quando foi criada uma entidade responsável apenas por esse elo da cadeia: a Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel). Desde então, os números vêm crescendo e, em 2014, segundo os dados da Abemel, foi registrado o recorde de exportações brasileiras: 25,3 milhões de quilos, com um saldo financeiro de US$ 98,5 milhões. Em 2015, segundo dados da Abemel, o comércio exterior se manteve estável, com 22,2 milhões de quilos, rendendo US$ 81,7 milhões. No último ano, os Estados Unidos foram nossos principais compradores, com 15,8 milhões de quilos.
Em seguida, mas bem abaixo dos norte-americanos, ficaram a Alemanha, destino de pouco mais de 2 milhões de quilos, e o Canadá, com quase 1,5 milhão de quilos. Além desses, o mel nacional seguiu para outros 23 países, nos cinco continentes.