Ela nasceu surda e sua avó a ensinou falar através de leitura labial
Diagnosticada com perda profunda bilateral severa, os médicos fadaram Morgana à incapacidade por ter nascido surda.
Mas sua avó não deu o braço a torcer e ensinou a garotinha a falar, mesmo ela não ouvindo nada.
Seu método era extremamente caseiro e consistia em colocar a mão da neta em sua garganta e mostrar como o som era produzido ali, depois ela escrevia a letra correspondente para a menina assimilar.
E foi assim que a Morgana aprendeu a escrever e a falar, por meio da vibração da garganta e da leitura labial de sua avó.
Isso possibilitou sua entrada na escolinha, mas não permitiu que ela estivesse protegida do bullying.
Morgana falava, mas sua voz soava diferente. É o chamado “sotaque surdo“.
Seu jeito de falar se assemelha realmente a um sotaque estrangeiro. Isso não passou desapercebido pelas crianças. Seu aparelho auditivo também não.
Ela conviveu com as piadinhas durante toda a infância e adolescência.
Quando já prestes a procurar emprego, não eram mais as piadas que afetavam sua vida, mas sim o preconceito do mundo corporativo.
Morgana fazia inúmeras entrevistas, passava, mas ao expor algumas de suas limitações, não recebia o retorno prometido das empresas.
Isso mudou quando sua mãe viu na TV uma reportagem sobre determinada empresa que tinha programas de inclusão.
Nesta empresa, Morgana se deparou com a maior mudança da sua vida. Lá, ela encontrou pessoas que, assim como ela, também eram surdas – até então ela não havia convivido com nenhum deficiente auditivo.
A partir disso, ela começa a achar sua identidade e entender que sua surdez não era devia ser um fardo.
Hoje, Morgana é secretária da diversidade surda em uma ONG e trabalha para garantir direitos essenciais aos mais de 10 milhões de surdos que existem no Brasil, e também para divulgar meios de pessoas não-surdas somarem a causa, garantindo acessibilidade e respeito para todo mundo.