Segundo a Constelação Familiar, honrar os ancestrais é o passo fundamental para que possamos tomar a vida em nossas mãos. Assim, após acolher sua criança interior e iniciar sua jornada em busca dos tesouros da sua alma, já é possível honrar seus ancestrais de forma plena. Compreender que assim como sua história foi perfeita para que pudesse desenvolver seus dons e talentos e despertar o seu dharma (propósito de vida), seus pais foram os grandes mestres que permitiram que a jornada se iniciasse. Jornada esta que se originou antes mesmo do seu nascimento.
Costumo dizer que assim como existem o caminho do amor e da dor, existem também os mestres da dor e do amor. E os pais, na maior parte das vezes, cumprem ambos os papeis. Quando não só da dor.
Os mestres do amor são aqueles que nos dirão “quão lindos e perfeitos somos”, “o quanto nos amam e o quanto somos bem-vindos”. Enquanto os mestres da dor, nos darão os limites ou ainda, nos empurrarão para fora do ninho para que criemos asas.
A questão é que quando aceitamos plenamente os nossos pais, o amor pode fluir livremente e podermos desfrutar plenamente das bênçãos que o presente reserva para nós.
Vale lembrar que nossos pais, muito provavelmente, também possuem uma criança interior com suas dores, inseguranças, desafios.
Quando não aceitamos nossos pais, estamos em verdade rejeitando uma parte de nós mesmos. O que nos faz sentir desencaixados. Sem raízes. E assim como uma árvore sem raízes não pode crescer nem dar frutos, ficamos estagnados em nossa pequenez, olhando para o passado, e de costas para nosso próprio destino.
O paradoxo da nossa jornada é que a criança tem nos pais os seus heróis e cobra deles uma perfeição acima de sua condição humana, o que a desafia em seu crescimento. A ironia é que a não realização de nosso potencial está justamente no fato de não aceitarmos a vida que veio por meio de nossos pais, em sua inteireza. Ou seja, com todas as dores e desafios que nos foram apresentados. Enquanto ela cobra o que acredita que deveria receber, perde a oportunidade dela mesma alcançar o que deseja por meio de seus próprios potenciais.
Sob a ótica da criança a vida é um conto de fadas cheia de finais felizes. No entanto a vida é um emaranhado de emoções (alegrias, tristezas, dores, contentamentos), crenças, condicionamentos, memórias, heranças ancestrais… e cada um vem com seu “emaranhadinho” para desenrolar. Esta é a aventura da alma. O final feliz depende única e exclusivamente de abraçarmos a vida tal qual ela é. Somos nós os heróis de nossa jornada.
A verdade é que o maior dos tesouros que poderíamos receber dos pais, já está em nossas mãos: a VIDA! Um campo de infinitas possibilidades.
Através de você a vida se renova e continua. Quando você se cura, você ajuda a curar toda a sua ancestralidade.Tomar a vida nas mãos consiste em reconhecer a grandeza dos seus pais, como canais para a nossa existência.
EXERCÍCIO PARA GANHAR A FORÇA DA ANCESTRALIDADE
Crie um campo de cura;
Peça auxílio dos seus guias, mestres e protetores. Você pode fazer este ritual de frente para seu altar, sentado ou em pé;
Se desejar, coloque uma música relaxante.
Respire profundamente e se conecte com a Sabedoria Universal. Traga sua mãe para sua tela mental, e olhando nos seus olhos diga (em voz alta ou internamente):
– Você é grande, eu sou pequeno(a). Sinto muito se me coloquei acima de ti como seu juiz(a). eu aceito seu destino e respeito suas escolhas. Eu te honro por tudo o que é e agradeço a vida que veio de ti. A mim cabe fazer o melhor dela. Eu me inclino a ti.
Faça uma reverência com sua cabeça. E coloque sua mãe atrás de você, à sua esquerda. Visualize-a colocando a mão sobre o seu ombro esquerdo. Sinta sua presença e força. Respire esta força. Atrás dela visualize sua avó, com todas as suas dores, alegrias, quedas e vitórias. Em seguida, veja atrás dela sua bisavó, tataravó e assim por diante, numa linha infinita de ancestrais femininas que vai até os tempos imemoriais.
Agora visualize seu pai, à sua frente. Respire profundamente. Olhe em seus olhos e diga:
– Você é grande, eu sou pequeno(a). Sinto muito se me coloquei acima de ti como seu juiz(a). eu aceito seu destino e respeito suas escolhas. Eu te honro por tudo o que é e agradeço a vida que veio de ti. A mim cabe fazer o melhor dela. Eu me inclino a ti.
Coloque seu pai agora atrás de você à sua direita e imagine-o colocando a mão sobre o seu ombro direito. Sinta também sua presença e força. Atrás dele, visualize seu avô, com toda a sua bagagem de vida, suas descobertas, seus desvios e sucessos. E atrás de seu avô toda a sua linhagem masculina. Receba a força desta linhagem.
Olhe então toda a sua ancestralidade. Veja quanta história, quantas memórias, quanta vida! Tudo para que você pudesse chegar até aqui.
Respire e olhe a sua frente o caminho que se abre pra ti. Agora você está de frente para seu próprio destino.