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Integração Ativa, no Guia Digital da Cidade:

Dr. Cristiano Nabuco

Relações têm poder de interferir na autoestima e só cabe a nós mudar isso


Sem dúvida, essa é uma daquelas perguntas que sempre rondou a cabeça dos psicoterapeutas: ter amigos próximos aumenta nossa autoestima ou ter uma autoestima positiva influencia a qualidade de nossas amizades e relações futuras?


Uma meta-análise, contendo mais de duas décadas de pesquisas, oriundas de 52 estudos provenientes dos Estados Unidos, Suíça, Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Finlândia, Grécia, Rússia e Suécia, obteve uma amostra acumulada de 47 mil participantes, com idade variando entre 4 e 76 anos.


A análise de todas essas investigações, realizadas ao longo do tempo, permitiu aos autores descobrir que as relações sociais que nos oferecem boas experiências como, por exemplo, o apoio e a aceitação social, de fato, interferem positivamente no desenvolvimento de nossa autoestima, ao longo de muito tempo na vida.


E, até aqui, nada de muito novo, claro! Entretanto, o que não se tinha comprovação científica era de que os efeitos também poderiam ocorrer na direção inversa, isto é, relações familiares e sociais pouco satisfatórias teriam o poder de erodir nossa autoestima com o passar dos anos, inclusive, podendo chegar à vida adulta.


Os achados enfatizam a ideia clássica de que relacionamentos positivos com os pais, no início da vida, são determinantes na construção e na manutenção da autoestima em crianças e o que, obviamente, conduz aos relacionamentos mais positivos na adolescência, fortalecendo a autoestima, até que se atinja a idade adulta, pois se cria um "círculo virtuoso" de boas relações. Leia-se: "quanto mais eu me sinto bem, mais apto estarei para fazer a escolha de bons parceiros (afetivos ou não)".


No entanto, quando a qualidade das relações sociais foi baixa, revelaram os dados da análise, o efeito negativo das relações ruins teve o poder de desencadear uma espiral negativa, levando as pessoas, com o passar do tempo, a não ter uma boa visão pessoal de si mesmo, ou seja, as vivências insatisfatórias levaram ao desenvolvimento de uma autoestima cada vez pior, sendo perpetuada e consolidada com o passar do tempo. Algo mais ou menos assim: "quanto pior eu me sinto, menos capacitado estarei para realizar uma boa busca afetiva".


Simples, eu explico. Ter relações positivas aumenta nossa autoestima e ter uma autoestima positiva influencia, cada vez mais, a qualidade futura de nossas amizades e experiências ao longo de toda uma vida. E a má notícia é a de que o inverso, infelizmente, agora se mostra igualmente verdadeiro.


Assim, as conclusões nos remetem àquele conceito psicológico das "profecias autorrealizadoras", ou seja, ter a noção de que não estamos nos sentindo bem pode fazer com que fiquemos presos às relações insatisfatórias, perpetuando nossa aflição por anos a fio – até por uma vida toda, quem sabe -, simplesmente pelo fato de não conseguirmos enxergar um outro horizonte ou modelo positivo de relacionamentos.


Reflita. Quanto maior for o autoconhecimento, menor será o sofrimento.


Referência bibliográfica Michelle A. Harris and Ulrich Orth. The Link Between Self-Esteem and Social Relationships: A Meta-Analysis of Longitudinal Studies. Journal of Personality and Social Psychology, 2019


Cristiano Nabuco é psicólogo e atua em consultório particular há 32 anos. Tem Pós-Doutorado pelo Departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Atualmente trabalha junto ao PRO-AMITI do Instituto de Psiquiatria do HC/FMUSP; Coordena o Núcleo de Terapias Virtuais (SP) e o Núcleo de Psicoterapia Cognitiva de São Paulo. Foi Presidente da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas (FBTC). Publicou 13 livros sobre Psicologia, Psiquiatria e Saúde Mental.


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